A má postura ao mexer no smartphone e a luz emitida por ele provoca rugas, manchas e papada; há prevenção e solução, vem ver.
Tech neck. Apesar de soar glamourosa, a expressão que significa ‘pescoço tecnológico’ tem sido usada por especialistas para se referir às rugas, manchas e papada que surgem precocemente no pescoço pelo uso excessivo do celular. Acha um exagero? Não é. Para ter ideia, inclinar a cabeça abaixo de um ângulo de 45 graus várias vezes ao dia, todos os dias (o que todo mundo que tem celular faz!), equivale a carregar 22 quilos sobre os ombros. Mais: pesquisa da Universidade de Chung-Ang, na Coreia do Sul, mostrou que mulheres de 29 anos apresentavam vincos no pescoço que são esperados a partir dos 40 anos!
Pescoço no alvo
Não faltam explicações para o pescoço ser alvo do envelhecimento. “A começar pelas características da pele da região, que é fina, praticamente não possui glândulas sebáceas e é impactada diariamente por uma intensa movimentação natural. Quem fuma ainda acelera a degradação do colágeno e da elastina e diminui o diâmetro dos vasos, o que leva à má circulação local e à dificuldade de oxigenação e absorção de nutrientes pela pele. Isso favorece a hiperpigmentação, que também é estimulada pela luz emitida pela tela do celular”, explica a esteticista, cosmiatra e especialista em dermatocosmética Ludmila Bonelli, diretora científica da Be Belle.
A posição para dormir é outra que pode influenciar de maneira negativa no pescoço, fazendo com que vincos temporários se tornem permanentes. Some à conta o fato de que o pescoço geralmente não entra na rotina de cuidados diários. Até as mais disciplinadas com o skincare tendem a focar no rosto e esquecer de aplicar cremes de tratamento e protetor solar no pescoço – comportamento que tem sido respondido pelas empresas de beleza com o lançamento de produtos específicos para o pescoço.
Soluções na estética
Há uma série de tratamentos estéticos para prevenir os sinais de envelhecimento do pescoço e combater as marcas que já estão instaladas. “A toxina botulínica relaxa a musculatura, evitando que ela contraia e forme rugas; o ultrassom microfocado e a radiofrequência microagulhada tratam a flacidez do pescoço e da papada; e skinbooster hidrata e promove um leve preenchimento superficial; e os fios de PDO, para alisar e firmar a pele. Outras boas opções incluem o microagulhamento, que estimula o colágeno e melhora a textura; os bioestimuladores que estimulam o colágeno; a criolipólise e os esvaziadores de gordura, para eliminar as células adiposas da papada; a luz pulsada, para firmar, sustentar e minimizar rugas finas; e os lasers, para tonificar, reduzir linhas, manchas e melhorar a textura e o tom geral da pele”, lista a dermatologista Claudia Marçal, membro da Academia Americana de Dermatologia e professora e fundadora da plataforma de ensino Dermacademy MB.
A esteticista Roseli Siqueira sugere ainda a ginástica facial. “A técnica, que é feita no rosto e se estende pelo pescoço e cervical, ativa e alonga os músculos, alivia a tensão e ajuda a eliminar líquidos retidos por combinar movimentos da drenagem linfática”, afirma. Concorda com ela Ludmila Bonelli, que completa: “O skincare otimiza e prologa os resultados dos procedimentos. E, fazer isso é mais fácil do que se imagina, basta estender os cuidados do rosto para o pescoço, que pode receber os mesmos produtos da face. Isso vale desde a água micelar, a loção tônica e o sérum tensor ou com antioxidantes até o hidrante e, claro, o protetor solar. A única ressalva é em relação ao sabonete para pele oleosa, que, neste caso, deve se limitar ao rosto e usar um neutro ou com ação hidratante no pescoço”, destaca.
Ajuda extra
Todo tratamento de beleza vai responder muito melhor com esses três cuidados:
1. se exercitar, para favorecer a circulação, que ‘alimenta’ os músculos e a pele;
2. reduzir o consumo de alimentos que causam inflamação e glicação. “Açúcar e derivados da farinha branca elevam a glicose, que se liga às proteínas que dão estrutura à derme, alterando suas funções e aspecto. Como resposta, a pele tende a ficar flácida”, esclarece a nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia.
3. melhorar a postura. “Ao dormir, evite travesseiros muito altos e tente variar a posição na cama, deitando de costas, se possível. Ao mexer no celular, erga o aparelho na linha dos olhos, mantenha a cabeça num ângulo de 0 grau e a postura alinhada, o que fica mais fácil ao usar apoiadores de smartphone ou tripé”, diz a dermatologista Claudia Marçal.