Do metabolismo à longevidade, o endocrinologista Dr. Filippo Pedrinola explica os benefícios, limites e boas práticas
A metformina é essencial para o tratamento do diabetes tipo 2, mas ganhou os holofotes recentemente por conta dos efeitos potenciais na saúde metabólica e no envelhecimento.
O que está consolidado
De acordo com o endocrinologista Felippo Pedrinola, já existe comprovação científica sólida de que a metformina ajuda a controlar o diabetes tipo 2, melhorar a ação da insulina e prevenir a progressão do pré-diabetes.
Ela também é usada com sucesso em casos de Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), ajudando na regulação hormonal e na ovulação. Além disso, pode contribuir para uma pequena perda ou estabilização de peso em algumas pessoas.
Longevidade: hipótese promissora, não consenso
Ainda é cedo para chamar a metformina de “molécula da longevidade”. “É uma hipótese promissora, mas ainda é prematuro dizer que é uma droga da longevidade para uso populacional”, afirma o médico.
Estudos observacionais e modelos animais animam, mas faltam Randomised Controlled Trials (RCTs), ou Ensaios Clínicos Randomizados, com desfechos clínicos em não diabéticos.
Atualmente, o ensaio clínico Targeting Aging with Metformin (TAME) investiga se a metformina pode retardar o envelhecimento e prevenir doenças associadas à idade.
Riscos, acompanhamento sistemático e contínuo
O uso não é adequado “apenas para ‘emagrecimento estético’ em pessoas saudáveis. É pouco ético e com benefício incerto. Ou para anti-aging generalizado fora de estudo clínico”, orienta Pedrinola.
Os efeitos colaterais mais comuns da metformina envolvem desconfortos no estômago e no intestino. Em uso prolongado, o medicamento pode reduzir os níveis de vitamina B12, exigindo exames periódicos. Um efeito raro, a acidose láctica, pode surgir em pessoas com problemas nos rins, no fígado ou em situações de menor oxigenação, como cirurgias. Por isso, em idosos ou pacientes mais frágeis, o uso deve ser cuidadosamente avaliado pelo médico.
E o efeito da metformina na pele?
Em pessoas com SOP, há melhora de acne e de manifestações cutâneas associadas à resistência insulínica. Em outras condições, os achados são heterogêneos e ainda não sustentam uso amplo em dermatologia cosmética.
Para que serve a metformina? Como orientar clientes em clínicas de estética
Explique que a metformina é um medicamento de uso controlado, que deve ser prescrito e acompanhado por um médico. Reforce que o estilo de vida saudável, com boa alimentação, sono e atividade física, continua sendo o principal caminho para equilibrar o metabolismo.
Se a pessoa mencionar diagnóstico de SOP ou pré-diabetes, oriente que procure um endocrinologista para avaliação individualizada. Desencoraje o uso da metformina apenas com fins estéticos ou anti-idade, mostrando que ainda não há comprovação científica para esse tipo de promessa.
Uso médico prevalece
Segundo Pedrinola, a metformina segue sendo uma ferramenta importante para o controle metabólico e mostra resultados promissores em pesquisas sobre longevidade, mas ainda não deve ser usada com esse objetivo fora do contexto médico.
Desse modo, até que novas evidências confirmem seu papel no envelhecimento saudável, é essencial manter a prudência.
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