A tendência que bomba na moda e pede o fim dos excessos chega à estética pregando que um resultado natural e belo tem que ser discreto.
Já faz cerca de dois anos que o quiet luxury vem sendo discutido pelos entendidos de moda. Mas foi só agora que a expressão chegou ao grande público. De maneira bastante resumida pode-se dizer que esse luxo silencioso vai na contramão dos excessos e ostentações da moda, em que as peças são estampadas com logotipos gigantescos da marca, tem tons vibrantes, recortes ousados, acessórios chamativos, se transformam em espetáculo nos desfiles e viralizam no Instagram. Depois dessa descrição já dá para imaginar que o quiet luxury preconiza a discrição, looks construídos com primor, acabamento irretocável, por vezes personalizados, pensados para durar e – como dizem os abastados – têm valor, não preço. Dito isso, o mais importante a frisar é que essa tendência chegou à beleza, e, mais especificamente, aos procedimentos estéticos.
Beleza que não grita, sussurra
A esteticista, cosmetóloga e pesquisadora Michelle Meleck tem sentido em seu dia a dia na clínica a preferência pelo estilo quiet luxury. “Essa tendência acompanha o ritmo global pós-pandemia, em que as pessoas estão cansadas de tudo o que é excesso. E isso inclui falsas harmonizações faciais e técnicas que descaracterizam. Para esse público, o belo passa pelo gerenciamento do envelhecimento e pela realização de procedimentos de forma elegante, para que não sejam notados. Não à toa tanta gente tem optado por remover os preenchimentos para refazê-los deixando a aparência natural”, conta ela, que completa: “Minha personalidade também se enquadra na proposta do quiet luxury. Tenho preguiça de ostentação, de exibição vazia. Isso aí já era”.
Cuidado como a base de tudo
O dermatologista Jardis Volpe traça paralelos do quiet luxury com o clássico menos é mais e o atualíssimo positive aging. “Esse conceito, que tem ganhado força principalmente entre as mulheres de 40+, foge às transformações na aparência e no congelamento das expressões para valorizar o cuidado com a saúde e a qualidade cutânea como forma de ter uma pele bonita, com viço e aspecto de bem tratada. Para ajudar nisso a indústria tem oferecido cosméticos minimalistas, elaborados com poucos ativos, e sempre seguros e consagrados, além de procedimentos e técnicas de aplicação que focam na melhora da hidratação, no estímulo do colágeno, no reforço da barreira cutânea”, exemplifica. “Tudo isso é feito com o propósito de deixar o paciente feliz, satisfeito e fazer com que as pessoas vejam que ele está bem, bonito, bem cuidado, mas não percebam que algum procedimento foi feito”, arremata o médico.