Por muito tempo, a estética foi associada ao conceito de anti-aging, reforçando a ideia de que o envelhecimento é algo a ser combatido. No entanto, essa mentalidade está mudando. Cada vez mais, profissionais da estética e da saúde têm adotado uma abordagem pró-aging, promovendo tratamentos que valorizam a saúde e a individualidade da pele madura.
De acordo com o Dr. Egídio Dórea, coordenador da USP 60+, o envelhecimento é encarado sob duas vertentes: bem-estar e beleza. “No aspecto bem-estar, prioriza-se a promoção do envelhecimento saudável por meio de oportunidades e escolhas pautadas no bem-estar físico, mental, social e espiritual. Já na beleza, é corrente o conceito do anti-aging, onde o belo continua sendo omitir as marcas do envelhecimento”.
Mas será que esconder os sinais do tempo realmente é a melhor abordagem?
O papel da estética no envelhecimento saudável
As clínicas de estética têm um papel fundamental nessa mudança de mentalidade. Para o Dr. Egídio Dórea, o foco deve ser a individualização dos cuidados, promovendo um envelhecimento saudável da pele e combatendo agentes externos que aceleram esse processo. “As clínicas de estética teriam um papel importante se focassem em um movimento pró-aging, oferecendo medidas individualizadas que promovam um envelhecimento saudável da pele”, explica.
Isso significa reconhecer as mudanças naturais do envelhecimento e diferenciá-las de alterações patológicas causadas por fatores externos, como exposição ao sol, poluição e maus hábitos. A chave não está em reverter o tempo, mas sim em cuidar da pele e do corpo de forma integrada, respeitando as necessidades de cada fase da vida.
Profissionais preparados para um novo olhar
Para que essa transformação aconteça, é essencial que os profissionais da estética estejam preparados para atender o público 60+ sem preconceitos ou conceitos ultrapassados sobre envelhecimento. Como alerta o Dr. Egídio Dórea, muitos profissionais ainda reforçam estereótipos negativos de forma inconsciente. Por isso, eles precisam ser capacitados sobre o que é o processo de envelhecimento normal, de modo a “não adotarem medidas idadistas* baseadas em concepções errôneas interiorizadas desde muito cedo”, pontua.
Isso inclui evitar expressões como “anti-aging” e substituir narrativas que tratam o envelhecimento como algo a ser combatido. O ideal é promover um discurso positivo, valorizando a longevidade como uma conquista.
O futuro da estética: beleza com identidade
A boa notícia é que os próprios clientes estão mudando sua visão sobre envelhecimento. “Os 60+ estão cada vez mais conscientes da importância do seu papel na sociedade – econômico, social e político. Nunca se discutiu tanto essa relevância”, afirma o Dr. Egídio Dórea.
Essa mudança de mentalidade reflete na forma como essas pessoas buscam cuidados estéticos. Mais do que parecer jovens, o desejo agora é estar saudável e cuidar da pele de maneira inteligente. A estética do futuro não será sobre apagar rugas, mas sobre fortalecer a saúde da pele, dos cabelos e do bem-estar geral.
A estética como aliada contra o idadismo
Se as clínicas desejam se destacar e acompanhar essa transformação, é essencial que abracem o pró-aging e combatam o idadismo. Isso inclui não apenas mudar a linguagem, mas também utilizar em campanhas publicitárias imagens de pessoas mais velhas que se orgulham da sua idade e história de vida.
“Envelhecer é uma conquista e algo de que devemos nos orgulhar, e não lutarmos contra um processo natural da vida. Afinal, como disse Simone de Beauvoir: viver é envelhecer, nada mais”, conclui o Dr. Egídio Dórea.
A longevidade está redefinindo o mercado da estética, e profissionais preparados para atender a geração ageless se destacam cada vez mais. Sua clínica está pronta para essa nova demanda? Descubra como adaptar seu negócio com o texto “Preparada para atender a geração ageless?”.
*Idadismo é a discriminação ou preconceito baseado na idade, geralmente direcionado contra pessoas mais velhas. Manifesta-se por meio de estereótipos negativos e atitudes depreciativas que afetam a autoestima e a inclusão social dos idosos.