O surto de bebidas adulteradas com metanol acende um alerta, pois sem procedência e rastreabilidade, qualquer insumo vira risco
Os casos recentes de intoxicação por metanol mostram como produtos sem controle de qualidade causam danos graves.
Na estética, vale a mesma regra: se a origem do insumo é incerta, o risco recai sobre a saúde do cliente e sobre a credibilidade do serviço.
“Infelizmente o caso do Metanol nas bebidas foi um sinal de alerta para todos os segmentos”, afirma Maria Luisa Batistic, diretora de regulatórios da ABC.
Por que a procedência importa
O metanol intoxica porque, ao ser metabolizado, gera compostos altamente tóxicos, ou seja, adulteração e falhas de controle podem matar.
Na estética, a Anvisa lembra que procedimentos não são isentos de risco e exige medidas de segurança, protocolos e gestão de produtos e tecnologias.
Como verificar regularidade e rastreabilidade
“Compre todos os cosméticos e materiais somente daqueles fornecedores que possuam as devidas licenças e documentação completa”, orienta a diretora da ABC.
A embalagem deve estar selada e dentro da validade. Verifique o número de processo Anvisa no rótulo (25351.XXXXXX/XXXX-XX) e confirme em cosméticos regularizados.
A Nota Técnica nº 2/2024, da Anvisa, reforça que todos os serviços, de saúde ou de interesse para a saúde, devem cumprir normas sanitárias, com POPs — Procedimento Operacional Padrão; documentos que detalham os passos de procedimentos para garantir a segurança em ambientes como laboratórios e serviços de saúde —, prevenção de infecções e regularização dos produtos.
Armazenamento e controle de lotes (passo a passo)
• Recebimento: conferir NF, laudos e lacre; registrar fornecedor, lote e validade.
• Estocagem: local limpo, ventilado, protegido de calor/luz.
• Rastreabilidade: manter ficha por lote (entrada, uso por cliente, descarte).
• POPs e resíduos: padronizar limpeza, processamento de artigos e descarte.
• Notificação: diante de evento adverso, comunicar vigilância e reter o lote.
Riscos de insumos sem controle
Produtos de procedência duvidosa elevam a chance de hipersensibilidades, inflamações e infecções, o que é responsabilidade do profissional que os utiliza.
Para Batistic, a evolução da estética depende da melhoria contínua em todos os processos — da fiscalização à formação profissional — com foco na segurança do consumidor.
A atuação conjunta de órgãos de vigilância, conselhos e associações garante que produtos, serviços e ambientes sigam as normas sanitárias.
“A atualização constante por meio de cursos e eventos deve ser acompanhada de uma conduta ética. Mais do que cumprir regras, a cultura da biossegurança é um compromisso de consciência e responsabilidade, sustentado por protocolos claros, higienização rigorosa, uso de produtos de origem segura e práticas de autoinspeção que fortalecem a confiança do cliente e da sociedade”, finaliza Batistic.
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