Esteticistas estão sujeitos a terem hérnia de disco por ficarem muito tempo em pé e na mesma posição; há outras causas envolvidas, veja como se prevenir.
Oito em cada dez pessoas no mundo já tiveram, têm ou podem vir a ter hérnia de disco. Se você acha que isso é um fato distante da sua vida, saiba que aqui no Brasil a doença foi a principal causa de afastamento de trabalhadores em 2023, segundo o Ministério da Previdência Social. Os dados ficam se tornam ainda mais impactantes porque um ano antes a doença ocupava a quarta posição desse ranking, já que essa escalada ao topo se deu pelo aumento de 68% dos casos em um único ano, de 2022 para 2023. Outro número que merece atenção: muita gente acredita que a hérnia se desenvolva apenas na velhice, mas estudos mostram que a prevalência está entre os 30 e 50 anos de idade – auge da produtividade profissional!
Causas diversas
Há inúmeras causas por trás da hérnia de disco. “A genética é uma delas, porém, a má postura bem como os movimentos repetitivos, a musculatura fraca e o excesso de peso ou obesidade podem sobrecarregar os discos da coluna vertebral, favorecendo o surgimento do problema. Também contribuem para a degeneração desses discos vertebrais o fumo, o colesterol alto e o diabetes, já que eles interferem na quantidade de sangue que chega à coluna”, esclarece o ortopedista e cirurgião de coluna João Bergamaschi, coordenador do curso de aperfeiçoamento em cirurgia endoscópica da coluna vertebral da USP-Ribeirão Preto.
O médico avisa: “A hérnia de disco pode afetar qualquer parte da coluna, mas a lombar é alvo preferencial por suportar a maior parte do peso do corpo e estar envolvida na maior parte dos movimentos realizados no dia a dia, como girar e dobrar o corpo e levantar objetos pesados”. Alô profissionais da estética que se movimentam o tempo todo na cadeira giratória durante os procedimentos faciais, se desdobram nas massagens e drenagens e carregam maca e afins para atendimento em domicílio!
Será hérnia?
Aquela dor nas costas que costuma surgir no fim do expediente de trabalho, depois ficar muitas horas em pé ou carregar peso e passa com um alongamento, analgésico ou descanso geralmente não ter relação com a hérnia de disco. Entre os sintomas que podem indicar a presença da doença e que com certeza apontam que é hora de consultar um especialista estão: dor nas costas ou no pescoço que se estende para os braços ou as pernas, perda da força, dificuldade de esticar a coluna e de segurar objetos, sensação de formigamento, cansaço excessivo sem motivo aparente e mudanças na forma habitual de caminhar.
Dor emocional
Além do desconforto e até incapacidade para trabalhar e realizar atividades rotineiras, a hérnia de disco pode provocar uma série de impactos psicológicos, como estes listados pelo doutor João Bergamaschi:
- dor crônica, que desencadeia o sentimento de impotência, frustração e desânimo;
- tensão emocional e ansiedade em relação a continuar sentindo dor amanhã e depois;
- estresse e irritabilidade por não conseguir cumprir com atividades sociais, profissionais e até de lazer, o que tende a levar ao isolamento, afetando o estado emocional.
Diagnóstico e tratamento
A confirmação do problema se dá por meio de exames. “A ressonância magnética é essencial não só para identificar como compreender a extensão da hérnia de disco, pois mais de uma pode surgir ao mesmo tempo”, avisa o ortopedista João Bergamaschi, que também é vice-presidente da Sociedade Interamericana de Cirurgia da Coluna Minimamente Invasiva. Segundo ele, o tratamento deve ser personalizado e pode incluir fisioterapia, exercícios para fortalecimento da musculatura ao redor da coluna, caso do pilates, medicamentos orais para aliviar a dor e a inflamação, infiltração quando as drogas não surtem o efeito esperado e, em situações mais complexas, cirurgia.
Medidas preventivas
Prevenir a hérnia de disco passa por atitudes como manter um peso saudável, praticar exercícios regularmente com orientação de especialista habilitado e cuidar da postura, se possível usando os princípios da ergonomia. Confira algumas dicas práticas:
- mantenha a coluna reta, cuidando inclusive da posição dos ombros;
- deixe os joelhos esticados quando estiver em pé ou andando;
- evite ficar com a cabeça inclinada para frente ao usar o celular, computador, tablet ou qualquer outro aparelho;
- ajuste a cadeira de trabalho para a sua altura e de modo que os seus joelhos forem um ângulo de 90 graus;
- ao se sentar, apoie as costas no encosto e procure manter os dois pés no chão;
- evite permanecer muito tempo na mesma posição, seja sentada ou em pé – para isso, vale sair para tomar um cafezinho e espaçar os atendimentos para ter pelo menos alguns minutos de descanso;
- use calçados que amorteçam o impacto, como os indicados para corrida ou caminhada;
- não carregue muito peso;
- faça alongamento todos os dias, nem que seja na cama, ao despertar pela manhã.