De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), um bilhão de mulheres vivenciarão o climatério em 2030 em todo o mundo. O que fazer a partir de hoje para evitar ou minimizar as consequências e os desconfortos que impactam no dia a dia?
O termo menopausa é, muitas vezes, utilizado de forma errada para designar o climatério, fase que causa diversas mudanças físicas e emocionais na mulher. “Normalmente, devido à queda do estrógeno, são observados: ondas de calor (fogachos), sudorese noturna, secura vaginal, enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico, dispareunia (dor durante a relação menstrual), insônia, alterações de humor (comum a irritabilidade) e, em alguns casos tristeza e até depressão”, destaca Renata Iak, enfermeira obstetra da Clínica Parto com Amor.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), uma das principais alterações hormonais desse período é a diminuição da produção de estrogênio. Com isso, é ocasionado a queda na síntese de elastina e do colágeno. Isso gera um aumento da flacidez, perda de elasticidade e tônus. A pele fica mais fina, frágil e ressecada.
O que é o climatério?
“Climatério é a fase da vida da mulher em que ela passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa. A menopausa é a última menstruação da mulher. Quando já se passam 12 meses após a última menstruação, dizemos que houve a menopausa”, explica Leonardo Valladão, ginecologista e obstetra da Clínica Parto com Amor.
O climatério didaticamente é dividido em três fases: a perimenopausa, menopausa e pós-menopausa. “A perimenopausa é o período que antecede a menopausa, dura em torno de um ano após a mesma, momento onde podem surgir os primeiros sintomas relacionados à falência ovariana. Conhecida como uma fase de transição, a perimenopausa é um período de sangramentos menstruais atípicos. A menopausa é quando há a cessação da menstruação por um período de 12 meses. O pós-menopausa é caracterizado pela melhora dos sintomas da menopausa, porém, devido às alterações hormonais é importante o acompanhamento médico, uma vez que o risco de doenças cardiovasculares entre outras aumentam”, comenta Renata Iak.
“Sobre os sintomas emocionais, alterações psicológicas, alterações comportamentais, podemos destacar mudanças de humor em decorrência das alterações hormonais, crises de choro, depressão, ansiedade, tristeza grande, irritabilidade, aquele desânimo para acordar, apatia, insônia, cansaço, alterações de memória… Nessa fase de transição, a mulher passa por algumas questões socioculturais, o que causa uma grande angústia. Isso vem em decorrência do etarismo e julgamento sobre envelhecimento. Outra questão é relacionada com a autoestima na parte física, na autoimagem. A melhor forma de lidar com as emoções nesse período é compreender que estamos numa transição, estamos numa mudança. É importante o processo de ressignificar”, destaca a psicóloga Larissa Fonseca.
Principais sintomas do climatério
De acordo com o ginecologista Leonardo Valladão, os principais sintomas associados ao climatério são:
• Mudanças no ciclo menstrual – é comum nessa fase irregularidades menstruais. O ciclo pode ser mais longo ou mais curto. O fluxo menstrual pode aumentar e algumas mulheres têm escape no meio do ciclo, ou quadros hemorrágicos, a chamada metrorragia. A maioria das mulheres experienciam menstruações cada vez mais espaçadas e com menor fluxo, até finalmente, terem a menopausa.
• Fogachos – são as ondas de calor. É o sintoma mais comum do climatério incomodando cerca de 80% das mulheres. Ocorrem de maneira abrupta, como uma sensação de calor que vai da porção superior do tórax até a face acompanhada geralmente de palpitações e sudorese. Essas ondas de calor duram em média 2 a 4 minutos.
• Depressão – mulheres na transição menopausal apresentam 2,5 vezes mais risco de depressão quando comparadas a mulheres no período reprodutivo.
• Distúrbios do sono – nessa fase, é comum aparecimento de insônia, apneia do sono, síndrome das pernas irritáveis e sono não reparador.
• Alterações cognitivas – são comuns os esquecimentos e a memória mais fraca ao tentar se lembrar de palavras e nomes.
• Outros sintomas – dores articulares, dores mamárias, cefaleias menstruais. A longo prazo, pode acontecer perda de massa óssea e osteoporose, doença cardiovasculares, demência, osteoartrite, aumento da massa corpórea, alterações da pele e problemas de equilíbrio.
• A pele sofre uma diminuição das fibras de colágeno levando à flacidez, além disso a pele fica mais ressecada e sensível o que resulta em rugas.
Dicas para amenizar os sintomas do climatério
O acompanhamento com uma equipe multiprofissional é de grande valia associado a atividade física regular e hábitos saudáveis. “O climatério deve ser um momento de descobertas, de ressignificar alguns aspectos da vida e de reinventar a nossa trajetória como mulher. As práticas integrativas em saúde como acupuntura, fitoterapia e aromaterapia têm mostrado uma tendência forte no auxílio nesse processo”, destaca Renata Iak.
“Para minimizar as consequências, é importante uma alimentação saudável, atividade física, terapia, se conseguir incluir meditação ou uma massagem relaxante, ter um tempinho para si, para viver um pouco de alegria, prazer e encontrar uma perspectiva de vida, tá? O processo de terapia para o autoconhecimento é fundamental, inclusive para se preparar para este momento que vai ser de grande impacto”, ressalta Larissa Fonseca.