A biossegurança tem como objetivo destacar ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos existentes no ambiente de trabalho e possíveis danos para a saúde, visando garantir a integridade dos pacientes e dos profissionais e reduzindo riscos de contaminações.
Para entender a importância da biossegurança, vale desmembrar a palavra: vem da junção de ‘bios’, que significa vida, e segurança. “Biossegurança pode ser conceituada como um conjunto de ações técnicas que são executadas com o objetivo de prevenir situações de risco à saúde, tanto aos profissionais, como aos pacientes e ao meio ambiente”, define Rui Dammenhain, especialista em Regulação e Vigilância Sanitária e Diretor Presidente do INBRAVISA – Instituto Brasileiro de Auditoria em Vigilância Sanitária.
Na estética, estas medidas são adotadas com enfoque principal na prevenção a doenças transmissíveis e na manutenção às condições de saúde do profissional e do paciente. “Entre as ações, podemos citar: o uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs), esterilizar materiais, fazer a limpeza e desinfecção do ambiente e das mãos, ter os procedimentos operacionais padrão (POPs), ter o alvará sanitário, buscar conhecimento e informação sobre biossegurança. Além disso, tem a questão das vacinas recomendadas. Essas são algumas das ações para diminuir os riscos de transmissão e focos de contaminação no seu espaço”, enumera Daniela Pontes, especialista em biossegurança no setor de beleza.
Quais os principais riscos
De acordo com os especialistas Rui e Daniela, a prática demonstra que os principais problemas na área de estética seriam as falhas no processo de limpeza, desinfecção e esterilização de artigos e uso de produtos não regularizados na Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Na área de estética, podemos relacionar a biossegurança com os principais riscos envolvidos:
• Risco Biológico: evitar a transmissão de doenças, e isso envolve a adoção do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); e adoção de procedimentos de limpeza e higienização de superfícies (ambiente de atendimento, macas, cadeiras e bancadas, por exemplo).
• Risco Químico: utilizar produtos regularizados pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária para evitar a ocorrência de intoxicações e alergias.
• Risco Físico: engloba riscos com equipamentos e também a infraestrutura e instalação da clínica, como temperaturas excessivas, vibrações, radiações, umidade, eletricidade e incêndio.
• Risco Ergonômico: utilizar equipamentos corretos para evitar comprometimento postural ao profissional e risco de quedas ou desconforto ao paciente, por exemplo.
• Risco ambiental: falta de um correto gerenciamento dos resíduos gerados.
A especialista Daniela alerta ainda sobre o risco de contaminação cruzada. “Pode ocorrer através de um instrumento contaminado, passando doença de uma pessoa para outra sem que tenham contato direto. Por isso, é fundamental adotar medidas adequadas de assepsia, desinfecção, esterilização e descarte de materiais”, explica.
É lei!
Segundo o artigo 8 da Lei 13.643, que regulamenta as profissões de esteticista (compreendida por esteticista e cosmetólogo) e técnico em estética, “o Esteticista deve cumprir e fazer cumprir as normas relativas à biossegurança e à legislação sanitária”. Com isso, torna ainda mais necessária e urgente a conscientização sobre o tema. “É fundamental organizar processos dentro do princípio das boas práticas sanitárias, o que implica na adoção de manual de rotinas e procedimentos e dos respectivos POPs (procedimentos operacionais padronizados) para garantir que todos os profissionais fiquem por dentro”, diz Rui.
“Seguindo as normas e todos os cuidados, é possível diminuir muito o risco de contaminação de doenças como hepatite, HIV, Covid-19, entre outras. Por isso, é essencial buscar informação, fazer cursos e sempre se atualizar em relação aos protocolos exigidos. Biossegurança deveria ser uma disciplina obrigatória e com uma carga horária muito maior. É preciso ter muita responsabilidade, pois estamos lidando com vidas e com isso não se brinca”, completa Daniela.
Biossegurança x pandemia
Considerando a situação de pandemia estabelecida pela Organização Mundial de Saúde – OMS, é essencial atuar de acordo com os novos protocolos de saúde e à legislação vigente, no cumprimento das normas de biossegurança e dos procedimentos orientados à prevenção da Covid-19. “Existem protocolos que englobam as adequações necessárias para a área de recepção e espera dos pacientes, para a correta higienização das áreas de atendimento, entre outros. Acredito que com o advento da pandemia do coronavírus, os serviços de estética deveriam buscar uma certificação de qualidade sanitária como forma de garantir segurança e confiança aos pacientes e aos próprios profissionais envolvidos nas atividades desenvolvidas”, ressalta Rui. Daniela destaca a importância de utilizar materiais descartáveis e fazer a correta higienização e desinfecção com produtos adequados. “Usar avental descartável, protetor facial ou óculos de proteção, máscara cirúrgica de TNT – que deve ser trocada a cada três horas, produtos que inativem o vírus – à base de quaternário de amônio e poliehexametileno biguanida, entre outros cuidados. E claro, fazer a higienização das mãos sempre!”, alerta.