A área de beleza que traz produtos e tecnologias orgânicas, verdes e sustentáveis cresce a passos largos, marcada pela busca por um estilo de vida mais saudável e pela preocupação com a sustentabilidade e o futuro do planeta.
O desejo das pessoas de se aproximar mais da natureza estimulou a procura por cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Segundo pesquisa apresentada no Caderno de Tendências de 2019/2020 do Sebrae e Abihpec, a busca por produtos e serviços com essa temática cresce na ordem de 40%, de acordo com levantamento da FCE Cosmetique. Além disso, uma pesquisa da Mintel de 2017 mostrou que 29% dos brasileiros preferem comprar de empresas com práticas sustentáveis. E 50% dos consumidores optam por produtos com ingredientes de origem natural quando se trata de cuidados pessoais, conforme dados da Kantar Worldpanel 2018. “Podemos dizer que além dos benefícios estéticos, há outros como gerar menor impacto ambiental, se preocupar com os animais e também fazer bem para saúde”, afirma Paula Porto, esteticista e idealizadora da linha Paula Porto Cosmetics, marca com produtos veganos e com a linha clean beauty VEGE.
Atuando no Japão, Lilian Sanpei, especialista em Estética e Saúde Integrativa, observa que o novo mercado consciente busca oferecer produtos de alto nível que promovam harmonia com a saúde e o ambiente e a qualidade de vida continuada. “A cosmetologia orgânica, natural e vegana está emergindo e ganhando gradativo espaço no mercado mundial. Grandes empresas cosméticas estão na corrida para se adaptar às novas exigências de seus consumidores. No Japão, por exemplo, é valorizada há milênios a beleza limpa, íntegra e saudável”, comenta.
Paula Porto acredita que o consumo consciente vem crescendo nos últimos anos e com a pandemia reforçou o interesse dos consumidores por marcas sustentáveis e que ofereçam um propósito maior que apenas a estética. “O consumidor não se contenta com um produto que prometa somente algo mais imediatista, ele está se preocupando a longo prazo, se tornando uma beleza consciente e crescente!”, comemora.
Dicionário da beleza sustentável
As especialistas Paula Porto e Lilian Sanpei explicam as principais diferenças e classificações no universo da beleza sustentável.
Cosméticos orgânicos: devem ser formulados com matéria-prima certificada, que atestem a natureza e a sustentabilidade da cadeia produtiva. As matérias-primas devem ser provenientes de agricultura orgânica sem resquícios de pesticidas e agrotóxicos. Dessa forma, todos os ingredientes empregados na formulação de um cosmético orgânico são certificados de que não causam danos ao meio ambiente nem ao organismo do consumidor. Um cosmético orgânico deve contar com pelo menos 95% de ingredientes orgânicos na sua composição.
Cosméticos veganos: são aqueles que não utilizam matéria-prima de origem animal, como mel, cera de abelha e lanolina, e não realizam testes em animais, mas podem conter substâncias sintéticas na fórmula. Vale ressaltar que cosméticos veganos não são, necessariamente, orgânicos e ou naturais, já que podem ser produzido com ingredientes sintéticos, desde que nada seja testado em animais.
Cosméticos naturais: os cosméticos 100% naturais são aqueles que não possuem substâncias químicas e sintéticas produzidas em laboratório de forma não natural. Como exemplo: PEGs (polietilenoglicol), silicones, petrolatos, quaternários de amônio, além de corantes e fragrâncias sintéticas. Para ser considerado natural, precisa ter na formulação cerca de 95% de ingredientes naturais e os outros 5% podem ser sintéticos desde que sejam seguros para a saúde e para o meio ambiente.
Cruelty-Free: a expressão cruelty-free vem do inglês e significa “sem crueldade”. Dessa forma, os cosméticos que compõem essa categoria não realizam testes em animais. Todavia, isso não significa que não há matérias-primas provenientes de origem animal em sua composição. Ou seja, é possível ser cruelty-free, sem ser vegano.
Clean Beauty: é um conceito novo que em português significa “beleza limpa”. Esse termo é usado para definir itens livres de ingredientes nocivos ou tóxicos, tanto para a saúde humana, quanto para o meio ambiente, visto que algumas substâncias têm impactos irreversíveis na saúde e na qualidade de vida e seu equilíbrio como um todo. Os cosméticos são feitos à base de ingredientes ecologicamente corretos e não prejudiciais à saúde.
Greenwashing: o termo pode ser traduzido como “lavagem verde” ou “maquiagem verde”, recurso utilizado por empresas que querem criar uma falsa aparência de sustentabilidade. Há casos de greenwashing, em que um produto tem uma fração mínima de ingredientes naturais, mas o apelo cosmético natural é bem visível e evidente no rótulo, fazendo assim uma propaganda enganosa.
Movimento verde na estética
Em relação à área de estética, a esteticista e empresária Paula Porto revela que está cada vez maior a busca por esse conceito dentro das clínicas de estética e a procura por parte dos clientes. “Sem contar que é um grande diferencial ofertar esse tipo de tratamento dentro da sua clínica: oferecer uma experiência que vai além da estética, uma beleza consciente. Podemos tratar o indivíduo como um todo, proporcionando bem-estar, beleza e cuidando principalmente da saúde e do meio ambiente”, declara. Concorda com ela, Lilian Sanpei, especialista em Estética e Saúde Integrativa, que acrescenta: “Podemos dizer que está em crescimento mundial o consumidor que procura mais que um cosmético consciente e sim produtos que estão alinhados à sua filosofia ou estilo de vida. Na estética, as práticas manuais associadas a produtos orgânicos e naturais garantem uma melhora na qualidade de vida e favorecem o melhor funcionamento do organismo como um todo. O grande intuito de oferecer tratamentos de forma mais natural e humanizada é promover para o paciente: uma saúde equilibrada, um organismo livre de tóxicos, assim obtendo longevidade continuada”, diz.
Por fim, Lilian e Paula destacam a importância da conscientização com o meio ambiente e a sustentabilidade: “Precisamos dessa conscientização, pois o impacto ambiental traz muitos danos para o nosso planeta e ecossistemas. Devemos optar por cosméticos com bases biodegradáveis, livres de componentes danosos ao meio ambiente, que não causem crueldade em animais e livre de substâncias nocivas, pois beleza e saúde devem andar juntas”, conclui Paula.