Transtorno Dismórfico Corporal ainda é pouco discutido no Brasil; condição exige atenção de esteticistas para evitar riscos e promover atendimentos responsáveis
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é caracterizado por uma insatisfação persistente com a aparência física, mesmo quando não há alterações visíveis ou quando o corpo já está dentro de padrões saudáveis. Para o endocrinologista Dr. Filippo Pedrinola, trata-se de um quadro cada vez mais frequente, que merece atenção tanto da medicina quanto da estética.
Segundo o especialista, “no consultório do endocrinologista, o TDC geralmente se apresenta de forma indireta, através de queixas ligadas ao corpo que, muitas vezes, não têm respaldo clínico”. Entre elas, estão a insatisfação com o peso, a forma corporal, a musculatura ou a distribuição de gordura. “É comum que esses indivíduos tenham expectativas irreais e demonstrem frustração constante com os resultados, mesmo quando estão dentro de parâmetros saudáveis”, explica.
Quatro sinais de alerta para profissionais da estética
Identificar clientes com sinais de TDC é essencial para que o esteticista não se torne cúmplice de expectativas irreais ou de procedimentos excessivos. O Dr. Pedrinola destaca alguns pontos de atenção:
- Insatisfação desproporcional com a aparência, mesmo diante de exames normais;
- Busca incessante por novos tratamentos ou resultados imediatos;
- Comparações frequentes com padrões irreais;
- Impacto negativo na vida social, emocional ou profissional em razão da autoimagem.
“Quando essas queixas ultrapassam a esfera clínica e se tornam centrais na vida do paciente, o profissional deve levantar a possibilidade de TDC”, alerta o médico.
Limites éticos e confiança no atendimento
Na estética, não é raro que clientes com TDC procurem procedimentos para emagrecer rapidamente ou ganhar massa muscular. Para o endocrinologista, cabe ao profissional estabelecer uma comunicação clara e empática.
“O primeiro passo é deixar claro os riscos de intervenções desnecessárias ou exageradas. É essencial validar o sofrimento do paciente, mas sem reforçá-lo com práticas que possam prejudicar sua saúde”, afirma. Esse cuidado evita a medicalização ou a transformação de um sofrimento psíquico em algo apenas estético, protegendo tanto o cliente quanto a reputação do profissional.
A importância do trabalho interdisciplinar
Casos de TDC exigem um olhar integrado. “O manejo do TDC deve ser interdisciplinar. O endocrinologista pode atuar na avaliação metabólica e hormonal, mas o suporte de psicólogos e psiquiatras é fundamental para trabalhar a raiz do transtorno, que está no campo da saúde mental”, explica Dr. Pedrinola.
Dessa forma, nutricionistas e educadores físicos também podem ajudar a construir uma relação equilibrada com o corpo, sem foco obsessivo.
Conscientização e prática estética responsável
A conscientização sobre o TDC pode transformar a forma como esteticistas e médicos atuam.
“Quando entendemos que a demanda estética pode estar enraizada em um sofrimento psíquico, passamos a atuar com mais responsabilidade, evitando condutas que reforcem distorções de autoimagem”, defende o endocrinologista.
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