Usar máscara durante praticamente o dia inteiro tem feito muita gente ter espinhas – até mesmo quem teve pouquíssimas durante a vida e estava habituada a usar o acessório por conta do trabalho. Como eliminar o agente causador do problema (a máscara) não é opção, já que o número de vidas perdidas pelo coronavírus só faz crescer e ninguém deve se arriscar, veja algumas ideias de como ajudar a resgatar a saúde e a beleza da pele de suas clientes.
Não é coincidência que a acne que tem aparecido na pandemia ataca justamente a região coberta pela máscara, no terço médio e inferior da face. “A oclusão causada pelo tecido aumenta a temperatura, o suor e a produção de sebo no local, favorecendo o entupimento dos poros e o aparecimento das espinhas. Some a isso a fricção da peça no rosto, que altera os micro-organismos protetores da pele, chamados microbiota, provocando uma irritação também conhecida como dermatite de contato”, esclarece a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, especialista em farmacologia clínica e gestora técnica da Biotec Dermocosméticos. “Não podemos esquecer do estresse altíssimo nesse momento de pandemia, que favorece a produção de sebo e estimula o cérebro a liberar uma substância que potencializa a inflamação já em curso, piorando ainda mais o problema”, completa a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Como deixar de usar máscara não é opção e, a que tudo indica, ela ainda vai fazer parte da nossa vida por um bom tempo, o negócio é tratar o problema em cabine e orientar a cliente a tomar cuidados estratégicos em casa, para não jogar por terra o seu trabalho. Vale destacar a importância de buscar ajuda de um dermatologista para uma orientação personalizada, já que todas as alterações na pele precisam passar por diagnóstico feito pelo médico.
E se a paciente tiver lesões inflamatórias?
Pústulas, nódulos e cistos indicam um processo inflamatório causado por bactéria. E, quem cuida de bactéria é médico. Daí a importância de fazer uma parceria com a área médica, para que esse especialista trate a inflamação e você, do lado da estética, complemente o tratamento para garantir que o paciente vai receber o melhor cuidado possível. Essa parceria, com cada um atuando em sua especialidade, ajuda a prevenir inclusive que uma inflamação acneica possa causar uma infecção e levar a quadros mais graves.
Boas ideias para aplicar na cabine
- Realizar a limpeza de pele periodicamente e utilizar ativos calmantes e secativos, com o cuidado de não usar componentes que possam causar a piora da inflamação.
- O LED também merece um olhar carinhoso não só por melhorar a vascularização local, mas por também aumentar a oferta de oxigênio e nutrientes na pele.
- “Quando a acne é de grau 1, que só tem comedões e não há lesões inflamatórias, gosto de usar peeling de cristal, por não ser agressivo e remover apenas a camada mais superficial da pele, dando uma boa afinada nela sem provocar descamação”, conta a esteticista e fisioterapeuta dermato-funcional Thaís Toreta, de São Paulo. Vale lembrar que passar o peeling de cristal sobre lesões nodulares, pustulares ou pápulas há o risco de proliferar bactérias e agravar o quadro da acne, ok?
- “O peeling de diamante é outro que pode ser usado em casos de acne grau 1, já que, além de suave, ele ainda tem a vantagem de fechar os poros, o que é ótimo para quem tem pele mista e oleosa, que tende a produzir mais óleo, engrossar e ficar com os poros abertos”, completa Thaís Toreta. Aqui, vale o mesmo alerta dado ao peeling de cristal, já que o de diamante também não pode ser usado quando há inflamação acneica.
- Outra boa opção é a terapia fotodinâmica, que tem afinidade pela glândula sebácea e pelas bactérias causadoras da acne, que acabam sendo destruídas por essa tecnologia.
- Peeling superficial com efeito secativo é excelente alternativa. E, um dos preferidos dos profissionais da estética é o à base de ácido salicílico, que pode ser feito até no mesmo dia da limpeza de pele por ter efeito anti-inflamatório. Só fique atenta porque há pacientes que são alérgicos a ácido salicílico e é preciso optar, então, por outros ácidos para fazer o peeling.
- Peeling de ácido mandélico é outro bastante usado em estética. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, ele é recomendado para tratar a pele com tendência à acne ou com pequenas manchas escuras, já que tem ação antibacteriana, fungicida, clareadora e hidratante.
- Máscara hidratante é outra que precisa fazer parte do cuidado. Afinal, mesmo a pele oleosa e com tendência à acne pode sofrer com ressecamento. E, quando isso acontece, ela deixa de cumprir bem sua função de barreira protetora, permitindo, assim, a entrada de bactérias e sujidades que podem agravar ainda mais a acne.
Dicas de prevenção para dar à cliente
Com a chegada do frio, a tendência é que a situação da mascne fique menos ruim. Mesmo assim não dá para relaxar e é preciso apostar nestas estratégias:
- usar somente máscara limpa, jamais reutilizar a do dia anterior, mesmo que ela tenha tomado sol ou ficado estendida em ambiente arejado;
- trocar a máscara de pano ou tecido a cada 4 horas, no máximo, ou antes, se sentir que a peça está úmida por ter falado demais ou transpirado muito. Já se a máscara for descartável, a orientação é fazer a troca a cada 2 horas e meia, porém, se ela for do tipo N95 pode ser usada por mais tempo;
- evitar usar maquiagem ou, se possível, limitá-la à região dos olhos;
- higienizar bem a pele de manhã e à noite;
- dar preferência a produtos que tenham toque seco, filtro solar inclusive;
- intercalar os cosméticos habituais com específicos para pele acneica;
aplicar uma máscara facial hidratante formulada com prebióticos, para restabelecer a barreira de proteção natural da pele.