Muita gente aproveitou a pandemia para fazer plástica. Mas também tem uma boa parcela que, por medo de encarar um centro cirúrgico agora, não querer um pós tumultuado ou sonhar com um resultado rápido e natural, acabou buscando na estética a solução para cuidar das áreas que a máscara não cobre. E o olho é a principal delas. Você está pronto para atender essa demanda?
O sorriso sempre foi um importante artifício na comunicação humana. Até que a máscara da Covid-19 chegou para cobrir dois terços da face. Resultado: os olhos viraram a nova boca. E não é que muita gente se incomodou? Como única área exposta no rosto e alçada ao principal canal para expressar beleza e emoções, os olhos passaram a ser analisados com lupa, e repletos de críticas, pelos outros e também pela própria pessoa, que pela primeira vez começa a ver em tempo real (pelas reuniões virtuais) como seus olhos se comportam quando estão em movimento.
Muitos se chocaram, especialmente porque com a máscara não permitindo mais usar os lábios para demonstrar espanto, graça e irritabilidade, foi automático começar a forçar além do habitual a mímica facial e, mais especificamente, a franzir muito a testa, erguer demais as sobrancelhas, supercontrair a glabela, arregalar e apertar os olhos para interagir e ser melhor compreendido nas discussões. Com isso, o colágeno passou a ser quebrado, massacrado na verdade, deixando vincos dinâmicos mais cedo na pele e que muito provavelmente vão se transformar em rugas estáticas antes do tempo. Como se fosse pouco, toda essa situação foi coroada pelo estresse, o medo e a ansiedade, que tomaram conta e roubaram o sono de muita gente, que acabou vendo na prática o significado do “sono da beleza” – e, também, da falta dele.
Delicada, não, delicadíssima
A fisiologia também traz explicações de tamanho ressentimento da área dos olhos às questões que envolvem a pandemia. “A pele da região é a mais fina do corpo, pobre em glândulas sebáceas e, ao contrário do que muita gente pensa, também guarda melanócitos, que são as células produtoras de melanina. Daí a explicação para tantas agressões aumentarem as chances do local ressecar, inchar, escurecer, ser o primeiro a mostrar os sinais de envelhecimento e dar a impressão de que a pessoa está abatida, cansada e até triste”, esclarece a dermatologista Claudia Marçal, de Campinas (SP).
Concorda com ela a esteticista e nutricionista Sheila Mustafá, especialista em fitoterapia e professora de nutrição estética na pós-graduação da VP Centro de Nutrição Funcional, em São Paulo: “Desde o fim do ano passado, de cada 10 pacientes que nos procuram, 9 se queixam de envelhecimento intenso, com destaque para a região dos olhos. E é fácil entender porque isso aconteceu cerca de dez meses depois que a pandemia começou: o estresse não mostra seu impacto na pele em uma semana, em 30 ou 40 dias; ele leva um tempo, o que justifica inclusive porque este ano, em que seguimos assombrados pelo coronavírus, estamos vendo casos ainda mais acentuados de envelhecimento. É tudo cumulativo”.
Soluções mood pandemia
“Para indicar o melhor combo de tratamentos para o cliente, a gente precisa levar em conta a análise personalizada e detalhada feita com ele, claro. Mas, agora, precisamos adicionar um novo elemento para definir o plano de cuidados que será melhor e possível de realizar: a questão financeira. Mesmo atendendo a classe média alta, e com amigas que trabalham com o público AA, estamos tendo que ter esse pé no chão, já que todos, de algum modo, foram impactados pela pandemia. Em contrapartida, essa é uma excelente oportunidade para criar um relacionamento ainda mais especial com o cliente e fidelizá-lo, mostrando que você está preocupada com a beleza, a saúde, o bem-estar e a autoestima dele, e não só querendo lucrar”, destaca a esteticista e nutricionista Sheila Mustafá. “Por isso é que passamos a sugerir também opções com melhor custo-benefício e que trazem resultado rápido, como design de sobrancelhas, drenagem linfática facial e hidratação. E, como tenho uma clientela que gosta muito da parte mais natural da estética, a ponto de não fazer toxina botulínica, indico muito a miototerapia, técnica manual que aprendi com a esteticista Maria de Fátima Lima Pereira para promover um lifting facial, redefinir o contorno facial e relaxar a musculatura e as tensões que provocam rugas, além de melhorar a nutrição e oxigenação dos tecidos. Para completar, ensino a fazer ginástica facial em casa. Elas adoram”, diz. Outras opções de procedimentos que destacam o olhar e dão um up instantâneo no visual são relacionadas às sobrancelhas e aos cílios, por exemplo, micropigmentação, lash lifting e extensão e permanente de cílios.
Cuidados que fazem diferença
A esteticista e nutricionista Sheila Mustafá conta algumas estratégias para potencializar o resultado dos tratamentos na área dos olhos e fazer com que a cliente tenha uma experiência ainda melhor no seu espaço de beleza:
- “Para estimular o relaxamento profundo na drenagem linfática manual, espalho uma única gotinha de óleo essencial nas mãos, geralmente de sálvia ou rosa. Aumentar a dose ou aplicar o produto direto nas pálpebras pode até queimá-las”;
- “Com o óleo vegetal orgânico e livre de substâncias tóxicas isso não acontece, sendo que o meu preferido é o de rosa mosqueta. Mas, é preciso ter o cuidado de limpar bem os cílios com algodão antes da cliente abrir os olhos, para que o cosmético não entre nos olhos dela, causando irritação, ardor e jogando por terra todo o relaxamento alcançado”;
“Descabelar as sobrancelhas durante a massagem ou qualquer outro procedimento é absolutamente proibido, pelo risco de arrancar fios e provocar falhas. Além disso, o músculo da região que precisa ser trabalhado é tão pequeno que responde melhor a toques precisos e delicados em vez de fortes e agressivos”.