Yasmin Brunet, Paolla Oliveira, Viih Tube e até sua bebê de um aninho de idade estão entre as vítimas mais recentes dos padrões de beleza impostos pela sociedade.
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é sempre uma excelente oportunidade para refletir sobre questões femininas da atualidade. E, devido a acontecimentos recentes, ESTETIKA propõe discutir sobre como a mulher continua sofrendo com a pressão estética de terceiros, que gera a necessidade de alcançar um padrão de beleza tido como ideal e que pode levá-la a problemas sérios de saúde física e mental. Entre as vítimas da vez estão a atriz Paolla Oliveira, que nos ensaios de Carnaval como Rainha da Bateria da Grande Rio foi chamada de gorda e velha nas redes sociais; e a influenciadora Vihh Tube, que, desde que deu à luz, vem sofrendo gordofobia juntamente com sua filha de apenas 1 ano de idade.
Redes sociais são nocivas
Segundo a psicóloga, psicodramatista e terapeuta familiar e de casal Marina Vasconcellos, as redes sociais agravaram ainda mais a imposição de um padrão de beleza tido como ideal. “Isso acontece por uma série de possibilidades oferecidas pelos próprios aplicativos, entre eles a ultra exposição, já que uma foto ou vídeo podem ser replicados milhares de vezes em questão de segundos; o uso de filtros de celular, que são capazes de transformar completamente as pessoas; e, principalmente, pela possibilidade de fazer comentários preconceituosos e agressivos sem ser identificado, usando perfis falsos”, lista a especialista.
Concorda com ela a psicóloga, psicanalista e mestre em psicologia clínica Gabriela Malzyner, coordenadora do Núcleo de Infância e Adolescência do CEP/SP e docente do curso de formação em psicanálise da mesma instituição: “As redes sociais impõem padrões de beleza, de magreza e de felicidade inalcançáveis para a grande maioria da população. Isso acontece quando uma pessoa posta uma foto montada, muitas vezes submetida a filtros ou outros tipos de manipulação, e a outra que vê supõe que aquilo é a realidade. Daí a afirmação de que as redes sociais são lugares muito nocivos e falseados de uma realidade impossível”.
Homens são o novo alvo
A internet e a tevê estão servindo de incubadora para o nascimento das críticas ao corpo masculino, muitas delas embaladas com a bandeira da revanche. Para citar dois casos emblemáticos, há o do jogador de futebol Neymar, acusado de estar gordo e com aparência de ‘acabado’ por ‘viver na farra em vez de jogar’; e o do músico Rodriguinho, participante do Big Brother Brasil que fez uma lipoaspiração antes de entrar no programa da Rede Globo e, em meio a conversas, taxou a modelo Yasmin Brunet, de 35 anos, de velha e ‘caída’. Quem é fã de stand-up comedy também vem percebendo um aumento de piadas envolvendo a aparência masculina.
Se essa virada de jogo é válida porque ela ajuda a lavar a alma feminina e a colocar o homem no lugar de dor da mulher, para que ele entenda o tamanho do sofrimento provocado? “Esse comportamento é nocivo para ambos os sexos. Sem contar que a rivalidade cega reduz a experiência humana”, destaca a psicóloga Gabriela Malzyner. “Acho essa revanche uma tremenda de uma imaturidade. A sociedade está mudando, e, embora ainda seja machista, estamos avançando nas questões femininas, e é nisso que precisamos focar a nossa energia. Caso contrário, em vez de evoluir e melhorar, vamos ficar presos ao passado”, completa a psicóloga Marina Vasconcellos.
O papel da estética
O profissional que atua na área da saúde estética tem um papel fundamental diante de toda a pressão de beleza sofrida por mulheres e homens. “O esteticista pode facilitar o encontro do sujeito com ele mesmo. E isso pode ser feito, por exemplo, oferecendo tratamentos que também promovam bem-estar, façam a pessoa se sentir melhor diante do espelho, mas também dentro de seu próprio corpo e ao esclarecer os limites dos cuidados ofertados”, sugere a psicóloga Gabriela Malzyner.
Na visão da psicóloga Marina Vasconcellos, o profissional de estética deve ser honesto diante dos pedidos e desejos do paciente. “Cabe ao esteticista, que é o especialista responsável nesta relação, dizer não quando a pessoa pede para fazer algo que pode prejudicá-la. Claro que comercializar procedimentos é essencial para o sucesso e sobrevivência do profissional e de sua clínica de estética, mas a oferta sempre deve ser acompanhada da boa indicação e do alerta sobre possíveis riscos e efeitos colaterais. Porque é nessa relação pautada pela ética, pela verdade e pela responsabilidade que todos ganham”.