Também conhecida como cirurgia de confirmação do gênero facial, a técnica ajuda mulheres transgênero a atingir a passabilidade; saiba mais a seguir.
A cirurgia de feminização facial, também conhecida como cirurgia de confirmação do gênero facial, se refere a um conjunto de intervenções capazes de deixar o rosto mais feminino. E isso muda completamente a vida da mulher transgênero, favorece sua autoestima e passabilidade, permitindo que ela possa andar na rua sem ser percebida como transgênero e ficar menos receosa com a própria segurança – situação que ganha um peso ainda mais significativo quando se lembra que o Brasil é pelo 14º ano consecutivo o país que mais matou transexuais no mundo, segundo o Antra, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais. “Quando se nasce com uma biologia masculina, o crânio e o nariz tendem a ser maiores, o lábio, mais longo, o queixo e a mandíbula, mais largos, e os ossos da testa, proeminentes. Para deixar essas estruturas mais delicadas, é preciso diminuí-las, algo que só se consegue com cirurgia. Há quem busque solução na harmonização facial, porém, ela atua na volumização, que é o contrário do que se deseja nesses casos”, esclarece o cirurgião plástico Thiago Tenório, da FacialTeam Brasil.
Intervenções que podem ser realizadas
Com quase 15 anos de experiência em feminização facial, aulas dadas em diversas universidades americanas e europeias, dentre elas a Universidade da Califórnia (UCLA), a Universidade de Nova York e a Universidade Johns Hopkins, e inúmeros artigos científicos publicados sobre o tema, o médico Thiago Tenório lista as intervenções que podem ser realizadas:
- Frontoplastia – “Uma das principais características masculinas é a testa com mais osso e a linha do cabelo com formato em ‘M’. Daí essa cirurgia reduzir o osso da glabela e arredondar o contorno do cabelo, fazendo um avance do couro cabeludo ou transplante capilar, conforme a necessidade”, explica o médico.
- Rinoplastia – Segundo Thiago Tenório, essa operação é bastante desafiadora porque o nariz masculino tende a ter uma estrutura excedente, e é preciso levá-lo ao outro extremo. “Além disso, o nariz é uma continuidade da testa e, dependendo de como é trabalhado e se a pessoa fez ou não frontoplastia, o resultado pode ficar desproporcional”, alerta.
- Lip lift – O cirurgião destaca que lábios longos com arco do cupido fino são interpretados como algo masculino. “Essa cirurgia permite elevar o lábio tirando um pouco da pele entre o nariz e a boca. Se isso não for suficiente para deixar o arco do cupido mais definido e volumoso, finalizamos com preenchedor”, esclarece.
- Cirurgia de queixo e mandíbula – “Tem como objetivo diminuir a altura e a largura dessas estruturas, que são mais salientes nos homens. Porém, essa intervenção precisa ser bem conversada porque hoje o rosto marcado é tido como jovem e sexy, mas a mulher trans tende a se incomodar com marcações e volumes”, lembra o médico.
- Cirurgia de pomo de Adão – “Para diminuí-lo é feita uma raspagem a partir de uma incisão na região do queixo, para que ela não apareça mesma quando a pessoa for vista de frente”, conta Thiago Tenório.
Cuidados antes e depois da cirurgia
O cirurgião ressalta que medidas pré-operatórias são sempre bem-vindas, tanto do ponto de vista da anatomia da pele, como de sua fisiologia, já que a pele é o ‘envelope’ que abarca todas as estruturas operadas, entre elas ossos e cartilagens. “Então, sempre que essa pele estiver mais hidratada, menos espessa, menos inchada, seja com peelings, drenagens e outros tratamentos estéticos, isso com certeza vai trazer benefícios para a operação e também para o resultado final da intervenção”, afirma. Ele completa: “Quanto ao pós-operatório, ele é imprescindível por favorecer a cicatrização e a recuperação, diminuir o incômodo, enfim, acelerar todo o processo e até a volta ao trabalho e à rotina. Por isso o quanto antes a paciente iniciar a terapia, melhor, porque percebemos uma redução bastante importante do inchaço, das equimoses e a prevenção de fibroses, que podem gerar um mal resultado cirúrgico de longo prazo, irregularidades e muitas vezes até re-operações. Por isso reforço sempre que a cirurgia de feminização facial não é só o cirurgião, não é só o médico, mas toda uma equipe multidisciplinar em prol da paciente”.