Muitos profissionais têm dúvidas sobre como fazer a esterilização correta dos materiais de trabalho, o que traz riscos à saúde deles e dos clientes.
Esterilização é uma medida de biossegurança essencial para evitar a contaminação por micro-organismos causadores de uma série de infecções e doenças, como a hepatite. “Por isso é fundamental que o profissional da estética esterilize toda ferramenta utilizada durante o atendimento que tenha tido contato com sangue, mucosa ou secreção”, esclarece a especialista em biossegurança Daniela Pontes, professora de pós-graduação e criadora do curso Biossegurança Descomplicada.
Como há muitas dúvidas e fake news envolvendo o tema, pedimos que a professora listasse 7 regras de ouro sobre esterilização que todo profissional da estética precisa saber de cor para oferecer um atendimento seguro para ele e seus pacientes; acompanhe:
1. Álcool 70% não esteriliza. “Por causa da pandemia muita gente passou a associar que se o álcool era capaz de inativar o vírus da Covid, ele também conseguiria ‘matar’ qualquer outro micro-organismo. Só que não. O álcool a 70% inativa o vírus da Covid porque ele tem uma membrana de gordura, o que justifica a eficácia do detergente e do sabonete. O problema é que quando se fala em esterilização, nos referimos a bactérias esporuladas, que, ao se sentirem ameaçadas, se envolvem numa película que dificulta sua morte. Logo, o álcool não funciona com elas”, esclarece Daniela Pontes.
2. Detergente enzimático sozinho não funciona. “A função desse produto é limpar, retirar sujeira. E, como ele é um desengordurante, acaba inativando alguns vírus que possuem uma membrana de gordura, como é o caso do vírus da Covid. Porém, nem todo micro-organismo possui essa membrana de gordura, como é o caso da bactéria esporulada”, reforça a especialista.
3. Autoclave é indicada, estufa, não. Segundo Daniela Pontes, o problema da estufa, que tem uso permitido em algumas regiões do Brasil, é o erro no manuseio e atuação do equipamento. “Você pode, por exemplo, interromper o ciclo de funcionamento e a temperatura da câmara interna pode não ser a mesma mostrada no termostato”, diz.
4. Equipamento com luz UV também é contraindicado. “O problema da luz é que ela faz sombra em algumas partes das ferramentas; e onde há sombra, a energia não chega nem cumpre a função de matar os micro-organismos”, resume Daniela Pontes.
5. É preciso seguir à risca o passo a passo da esterilização. “Sempre que terminar de usar um material que precise ser esterilizado, coloque-o em um recipiente e borrife umectante, para evitar que a sujeira impregne ou forme uma capa protetora sobre os micro-organismos. Depois, lave cada item separadamente usando uma escovinha e detergente enzimático ou detergente neutro hospitalar. Enxágue bem com água corrente, seque com um papel resistente ou um tecido do tipo Perfex e verifique se não há fiapos ou resíduos. Coloque, então, cada acessório em um envelope ou papel de grau cirúrgico, coloque seu nome e a data, e leve tudo para a autoclave. Terminado o processo, armazene os itens em um recipiente vazado, já que uma gaveta fechada ou caixa com tampa podem favorecer a proliferação de micro-organismos”, avisa a professora.
6. Faça os monitoramentos, porque é isso o que a fiscalização vai exigir. “Quando chega na clínica de estética o fiscal não quer ver apenas a autoclave, mas o caderno com o monitoramento das esterilizações realizadas. E os registros precisam ser do tipo químico, físico e biológico. Na prática, o físico implica em anotar os parâmetros de tempo e temperatura mostrados no visor da autoclave. O biológico se refere à ampola que deve ser colocada junto com os itens que serão esterilizados e pegar a etiqueta que vem colada nela e muda de cor durante o processo para grudá-la no caderno. Já o químico remete à tira multiparamétrica para monitora a temperatura, o tempo e a qualidade do vapor, e ela também deve colada no caderno”, ensina Daniela Pontes.
7. Na dúvida se está bem esterilizado, refaça o processo. “Se, ao tirar os itens da autoclave, notar que o papel grau cirúrgico não foi bem selado ou está rasgado, que há resíduos de sujeira nos acessórios ou ficar na dúvida se seguiu todos os passo a passo da esterilização, faça todo o processo de novo. É a sua segurança e a do seu paciente que estão em risco”, alerta a especialista em biossegurança.