Especialista em precificação ensina estratégias para definir os valores dos seus protocolos com base na realidade da sua clínica de estética, da sua força de trabalho e dos seus gastos.
Recentemente, a especialista em sobrancelha Natalia Martins, fundadora da marca Natalia Beauty, afirmou que pretende reajustar o valor cobrado para fazer a sobrancelha de suas clientes. “Ainda cobro R$ 8 mil, mas acho que vou subir para R$ 10 mil”, disse. Polêmica à parte, a verdade é que muitos profissionais de estética sonham em aumentar os preços de seus tratamentos estéticos, mas, por vezes, desistem por medo de espantar a clientela. Claro que tomar esse tipo de cuidado é fundamental, só que ele não pode ser usado como justificativa para manter valores que não trazem lucro e, não raramente, levam ao prejuízo e até à frustração profissional.
ESTETIKA acredita firmemente que você merece ter sucesso, e, como ele também é medido pelos ganhos financeiros, pedimos à administradora, fundadora da empresa Viver de Estética e criadora do curso Precificação de serviços na estética, Daniela Martello, para explicar o que deve ser levado em consideração ao calcular os valores dos seus tratamentos estéticos de maneira justa e lucrativa; acompanhe:
Lição 1 – Os valores dos tratamentos da sua clínica de estética devem ser calculados com base não só no seu conhecimento técnico e prático, nos produtos usados e no serviço prestado, mas também na experiência oferecida. Assim, você não estará espantando o cliente, mas, sim, selecionando o público que deseja atender.
Lição 2 – É importante considerar o bairro onde sua clínica de estética está localizada, porém, sem nunca se depreciar por isso. Se você oferece o melhor serviço e resultado é perfeitamente possível cobrar dentro da média do mercado.
Lição 3 – Para precificar seus serviços também é fundamental saber qual é a capacidade de atendimento da sua clínica de estética, o que precisa considerar se você atua sozinha, tem sócios ou colaboradores, quantas horas trabalha por dia e quantas salas de atendimento possui. Daí, basta multiplicar o número de dias de atendimento no mês pelas horas de atendimento por dia e por sala – por exemplo, 24 dias por mês X 8 horas por dia X 2 salas = capacidade de atender 384 horas por mês.
Lição 4 – O próximo passo é calcular quais são seus custos médios mensais, levantando separadamente os custos fixos e os custos variáveis. Dentro de custo fixo estão aluguel, água, luz, telefone, pró-labore, salários fixos, software de gestão… enfim, tudo o que você precisa pagar independentemente de ter realizado ou não alguma venda. Aqui vale um alerta: coloque no papel o valor real do pró-labore, e não aquele número baixo que muitos empreendedores e contadores colocam para fazer um recolhimento menor de impostos. Caso contrário, esse gasto baixo vai refletir numa cobrança baixa pelos seus serviços. Já os custos variáveis são aqueles que têm flutuações dependendo do número de vendas realizadas, como acontece com cosméticos, materiais descartáveis, produtos de limpeza, itens de papelaria, comissões de profissionais, aluguel de equipamentos…
Lição 5 – Outro item essencial, mas que muita gente esquece, é considerar a depreciação dos equipamentos segundo a Receita Federal – esse dado pode ser encontrado na nota fiscal da compra. Divida o preço do aparelho pelo número de meses que ele pode ser utilizado e o resultado é o valor que você deve poupar todo mês.
Lição 6 – Some todos os custos descritos anteriormente e divida pelo número de horas que você tem capacidade de atender. Por exemplo, se os custos ficaram em torno de R$ 10 mil por mês e você atende 100 horas por mês, seu chamado custo hora/maca será de R$ 100. Mas lembre-se: este é apenas o seu custo para atender; falta incluir aí o seu lucro, que, pela minha experiência, deve ser de 20% no mínimo. Porém, tenho clientes para quem dou consultoria que têm 100% e até 150% de lucro em cima de seus custos.
Lição 7 – Tendo esse valor em mãos, compare com o mercado para fazer as adequações que julgar necessárias – não recomendo ultrapassar 20% do valor cobrado pela concorrência. Se precisar baixar o custo para aumentar seu lucro, tente atacar em várias frentes, como fazer um acordo para diminuir o aluguel, diminuir com bom senso o valor gasto com o café oferecido, desligar o ar condicionado e as luzes das salas que não estão sendo usadas, melhorar custos com fornecedores de cosméticos… Lembre-se que é com os ganhos que você conseguirá fazer investimento em maquinário, produtos, cursos, participação em congressos e outros itens que vão valorizar o seu trabalho, permitindo cobrar melhores preços e garantir que seu negócio se mantenha viável e rentável.